Na semana em que se celebra o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, é fundamental lembrar que o trabalho digno ainda é um direito negado a milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Superar o trabalho análogo à escravidão exige mais do que combater violações específicas: é preciso enfrentar as desigualdades estruturais que sustentam essa realidade.
A erradicação do trabalho análogo à escravidão passa pela compreensão das múltiplas camadas de desigualdade que atravessam nossa sociedade. Gênero, raça, classe social, território e identidade são fatores que, quando combinados, ampliam a vulnerabilidade de determinados grupos, como pessoas negras, mulheres, indígenas, LGBTQIAPN+ e migrantes.
A interseccionalidade é essencial para compreender como essas desigualdades se manifestam de forma simultânea e estruturante, influenciando o risco de violações de direitos. Reconhecer essas múltiplas dimensões é fundamental para a construção de soluções eficazes, justas e transformadoras.
Dados evidenciam que a maioria das pessoas resgatadas de situações análogas à escravidão no Brasil é negra, com baixa escolaridade e residente em regiões historicamente impactadas pela exclusão social. Quando esses fatores se somam a questões de gênero ou orientação sexual, a vulnerabilidade se intensifica.
O InPACTO defende que o enfrentamento ao trabalho escravo contemporâneo deve estar intrinsecamente conectado ao combate às desigualdades e à promoção da equidade e da diversidade. Erradicar o trabalho escravo contemporâneo é também fortalecer a justiça social, enfrentando o racismo, o sexismo e outras formas de marginalização histórica.

