O trabalho infantil compromete a infância em sua essência e isso é ainda mais grave quando surge como estratégia de sobrevivência. Nessas situações, meninas e meninos deixam de estudar, brincar e conviver para assumir responsabilidades que caberiam aos adultos. Não se trata de aprendizado ou amadurecimento, mas de renúncias forçadas pela falta de renda, pela ausência de serviços públicos e pela precariedade estrutural que transforma crianças em mão de obra. Celebrar esse cenário como “exemplo de força” ou “superação” apenas disfarça a violação por trás da necessidade.
Proteger a infância não é dever exclusivo das famílias: é responsabilidade compartilhada entre Estado, empresas e sociedade. O poder público deve garantir renda e educação de qualidade; as empresas precisam oferecer condições dignas e remuneração suficiente para que pais e mães possam sustentar suas famílias sem depender do trabalho dos filhos; e a sociedade deve reconhecer que nenhuma forma de trabalho infantil é aceitável, ainda que motivada pela necessidade. Criança não deveria trabalhar para sobreviver. Deveria poder viver a infância em sua plenitude, com a proteção integral a que tem direito.

