Não há futuro sustentável sem justiça racial
O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial (3 de julho) destaca a luta por justiça e equidade no Brasil. A data celebra a Lei nº 1.390/1951, que criminalizou a discriminação racial, e a Lei nº 14.532/2023, que incluiu a injúria racial.
Apesar dos avanços legais, a desigualdade racial ainda limita o acesso e o crescimento de negros no mercado de trabalho. Dados da PNAD Contínua (DIEESE) revelam que a renda média da população negra é 40% menor que a da não negra. Mesmo com ensino superior, profissionais negros ganham 32% a menos que seus pares brancos.
A sub-representação é gritante: embora negros sejam mais da metade do país, ocupam menos de um terço das gerências/direções. Mulheres negras enfrentam um cenário ainda mais grave, com apenas 11% em altos cargos públicos e 2-3% em liderança privada. A informalidade também reflete essa disparidade, atingindo 46% das mulheres negras e 45% dos homens negros, contra 34% de não negros.
Registros oficiais de trabalho análogo à escravidão (2002-2024) mostram que 66,8% dos resgatados eram pessoas pretas ou pardas. Esse padrão de exclusão racial reforça a conexão entre raça, vulnerabilidade e exploração, demonstrando que a desigualdade se manifesta inclusive nas formas mais extremas de violação de direitos.
Diante dessas persistentes desigualdades, é crucial garantir direitos humanos e trabalhistas a todos, com foco em grupos discriminados. Isso inclui ampliar a representatividade de negros em lideranças, equiparar salários e implementar políticas afirmativas com metas claras, promoções justas e desenvolvimento inclusivo.
A verdadeira transformação exige uma cultura antirracista, baseada no reconhecimento de que o enfrentamento ao racismo passa por ver e compreender as marcas sociais da cor da pele — e como elas estruturam desigualdades históricas no acesso a direitos, oportunidades e reconhecimento. Fortalecer a representatividade em cargos de liderança, promover a escuta, a dignidade e o respeito no ambiente de trabalho é um passo essencial para construir um futuro mais justo e inclusivo para todas as pessoas.