A Rota Invisível: o tráfico de pessoas dentro do Brasil

O tráfico de pessoas é um crime que, embora frequentemente relacionado ao tráfico internacional, também ocorre dentro das fronteiras nacionais — sobretudo em países marcados por altos índices de desigualdade, como o Brasil. De um estado a outro, de comunidades vulneráveis a centros urbanos ou rurais, pessoas são atraídas por falsas promessas e acabam vítimas de redes de exploração.

O Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas 2021–2023 aponta que as principais finalidades do tráfico no Brasil são o trabalho em condições análogas à escravidão — com destaque para o serviço doméstico — e a exploração sexual. Em ambos os casos, as vítimas são aliciadas por meio de promessas falsas, como oportunidades de emprego ou relacionamentos, e acabam submetidas a situações de controle e violação de direitos.

O relatório também destaca a alta subnotificação, que contribui para a invisibilidade de populações como indígenas, pessoas transgênero e pessoas com deficiência nos registros oficiais. Revela ainda que a maioria das vítimas de tráfico para fins de exploração laboral é composta por homens negros, com idades entre 18 e 29 anos. 

Assim como no tráfico internacional, a internet tem se tornado uma ferramenta central no aliciamento dentro do Brasil. Redes criminosas usam plataformas digitais e redes sociais para identificar e seduzir potenciais vítimas com propostas de trabalho que parecem seguras e vantajosas, mas que na verdade escondem uma jornada de exploração e perda de liberdade.

Para o InPACTO, a luta contra o tráfico de pessoas dentro do Brasil é inseparável do combate ao trabalho análogo à escravidão. É essencial superar a ideia de que o tráfico humano é um problema apenas internacional e avançar na prevenção com base em informações qualificadas que orientem políticas e ações voltadas aos riscos de aliciamento e exploração dentro do território nacional