As relações entre as tragédias climáticas e a escravidão moderna
Os eventos climáticos intensos que atingem diversas regiões do Brasil, impactam diretamente a produção agropecuária, prejudicando a economia e colocando milhares de trabalhadores em risco.
Quando são afetados por geadas, enchentes e até mesmo grandes queimadas, trabalhadores, produtores e agricultores familiares enfrentam prejuízos, a oferta de alimentos diminui e muitas dessas pessoas perdem sua fonte de renda. O aumento da frequência e da intensidade desses eventos climáticos traz um risco maior para a atividade agropecuária. O impacto socioeconômico pode ser tão severo que aumenta a vulnerabilidade de pessoas desses grupos, levando-as a falsas promessas de emprego digno e aumentando a possibilidade de serem submetidas ao trabalho precário e condições análogas à escravidão.
Ao mesmo tempo que a crise climática aumenta essas vulnerabilidades, existe uma relação direta entre os crimes ambientais, que contribuem para as mudanças do clima, e violações de direitos humanos como o trabalho escravo. Isso significa que, na maioria das vezes, as mesmas estruturas que destroem o meio ambiente também se beneficiam da exploração do trabalho de pessoas em situação de vulnerabilidade.
A crise climática já é uma realidade, e seu impacto sobre os trabalhadores não pode ser ignorado. Diante desse cenário, as empresas têm um papel fundamental na construção de cadeias produtivas sustentáveis e éticas. É responsabilidade das empresas e de governos adotar práticas que reduzam danos ambientais e promovam condições dignas de trabalho, evitando que a degradação do meio ambiente e a exploração de pessoas continuem se retroalimentando. O compromisso com a preservação ambiental e os direitos humanos deve ser uma prioridade na governança e gestão das empresas em relação às suas cadeias produtivas e nas ações e políticas públicas do Estado.