Brasil tem, em média, registros de 1 morte a cada 3h30 por acidente de trabalho
A cada 3h33min56s, um trabalhador formal perde a vida em um acidente de trabalho no Brasil. A estimativa do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, baseada em dados do INSS, considera apenas quem tem carteira assinada, deixando de fora milhões de informais também expostos a riscos, cujos casos muitas vezes sequer entram nas estatísticas oficiais devido à informalidade e à dificuldade de registro. Por isso, o número real de acidentes e mortes pode ser significativamente maior. Desde 2012, os registros apontam mais de 8,8 milhões de acidentes e cerca de 32 mil mortes em empregos formais.
Acidentes de trabalho raramente têm uma única causa. São, em geral, fruto da combinação de fatores como falhas organizacionais, pressões produtivas, ausência de medidas de segurança e desgaste físico e mental dos trabalhadores. A exaustão compromete a atenção, os reflexos e o julgamento, aumentando o risco de erros com consequências graves. Jornadas longas, turnos irregulares e privação de sono não só afetam o desempenho, como colocam vidas em risco.
A discussão sobre os impactos da fadiga no trabalho ganhou força após a divulgação de um relatório do Ministério do Trabalho sobre o acidente com uma aeronave da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP), em 2024, tirando a vida de 62 pessoas a bordo. A investigação aponta a fadiga da tripulação como uma das possíveis causas do acidente. Foi constatado que a tripulação enfrentou jornadas excessivas e descanso insuficiente nos dias anteriores à tragédia.
Desde 2022, segurança e saúde no trabalho são reconhecidas pela OIT como direitos fundamentais, reforçando que prevenir riscos não é opcional, mas uma obrigação ética, social e legal. Garantir jornadas justas, pausas adequadas e apoio à saúde é essencial para proteger trabalhadores e evitar danos individuais ou coletivos.