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31 de outubro de 2008

Custos encobertos do carvão chegam a US$ 250 bi por ano

Relatório contabilizou o montante das chamadas “externalidades” da indústria do carvão mineral: milhares de mortos e doentes, poluição do ar e da água, degradação dos ecossistemas e prejuízos no sistema de infra-estrutura

Por Repórter Brasil

Fiscalizações de órgãos trabalhistas e ambientais vêm identificando uma série de problemas na produção de carvão vegetal no Brasil. Não raro, flagrantes de exploração de mão-de-obra escrava e de desmatamento ilegal aparecem associados às carvoarias espalhadas em diversas regiões do país. Incrementar a qualidade da cadeia de produção de carvão é um desafio que permanecem em aberto para o conjunto da sociedade.
Se no Brasil as dificuldades são imensas, o que poderíamos dizer das condições na China, onde o consumo de carvão atingiu 1,3 bilhão de toneladas apenas em 2007 e a utilização desta fonte específica corresponde a cerca de 70% da demanda energética do país?
Um relatório divulgado esta semana pelo Greenpeace, em parceria com a Energy Foundation e a WWF, revelou a estimativa de custos externos não-contabilizados por trás da indústria chinesa do carvão: US$ 250 bilhões por ano (mais de R$ 500 milhões), que equivalem aproximadamente a 7% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês. Estudos compilados por especialistas nos últimos três anos somaram os custos externos da utilização do carvão mineral (que vem de províncias subterrâneas, e não da queima de árvores, como no caso brasileiro) relativos às mortes e às doenças causadas a seres humanos, à poluição do ar e da água, à degradação dos ecossistemas e aos prejuízos causados às construções e ao sistema de infra-estrutura.
Entre 2000 e 2006, mais de 31 mil mineiros morreram na China por causa de acidentes em minas. Caminhões carregados de carvão espalham pó na atmosfera, que dificultam a respiração, afetam negativamente o ciclo de vida de vegetais e encobrem tesouros do patrimônio histórico. O processamento e a combustão do carvão liberam quantidades enormes de gases poluentes como o dióxido de enxofre (SO2) e o gás carbônico (CO2), agravando os problemas do efeito estufa e, por conseguinte, do aquecimento global. O carvão responde por cerca de 85% das emissões de SO2 e de 80% de CO2 na China.
O estudo revela ainda que a indústria carbonífera produz cerca de um quarto do volume de águas poluídas do país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes. Para cada tonelada de carvão produzida, 2,5 toneladas de água são poluídas. Chuvas ácidas foram registradas em 30% do território chinês, muito em função da atividade. Contaminações do solo por mercúrio e deslizamentos de terra por conta da mineração também são freqüentes.
O aumento de temperatura, a diminuição de terras aráveis e a redução de águas podem influir na redução de até 23% da produção de alimentos na China até 2050. Uma das principais recomendações das organizações não-governamentais (ONGs) que organizaram o estudo consiste na incorporação desses custos “escondidos’ da indústria do carvão no preço do produto por exigência do governo. Tal medida, segundo os propositores, pode possibilitar com que outras fontes de energia menos degradantes se tornem mais competitivas com o carvão do ponto-de-vista econômico.
Leia o resumo executivo e a íntegra do estudo “o custo real do carvão”

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