Novos dados da Lista Suja reforçam amplitude e persistência do trabalho escravo no Brasil
Os novos dados da Lista Suja do Trabalho Escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego na última segunda-feira (6), revelam a amplitude e persistência dessa violação no Brasil. De acordo com a Auditoria Fiscal do Trabalho, os casos registrados nesta atualização ocorreram entre 2020 e 2025, totalizando 1.530 pessoas trabalhadoras resgatadas, em diferentes regiões e atividades econômicas, o que demonstra que a exploração em condições análogas à escravidão segue presente no país.
Embora o setor agropecuário continue concentrando a maior parte dos casos — com 352 operações e mais de 3 mil pessoas resgatadas —, os dados evidenciam que o problema vai além do campo. Há registros em construção civil, indústria, comércio, serviços de alimentação e, de forma especialmente significativa, em serviços domésticos, que aparecem como o segundo setor com maior número de empregadores incluídos (95 casos). Esse dado reforça que formas contemporâneas de escravidão também persistem em ambientes privados e urbanos, muitas vezes invisíveis e de difícil fiscalização.
A diversidade de segmentos e regiões confirma que o trabalho escravo contemporâneo é um fenômeno que se adapta a diferentes contextos produtivos e reflete desigualdades estruturais profundas, que atingem todas as regiões do território nacional, com diferentes dinâmicas e perfis de vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, reforçam a importância da Lista Suja como instrumento de transparência, responsabilização e prevenção, essencial para fortalecer políticas públicas e compromissos empresariais voltados à erradicação do trabalho escravo no Brasil.
A relevância da Lista Suja também foi recentemente reconhecida pelo relator especial das Nações Unidas sobre formas contemporâneas de escravidão. Tomoya Obokata, que visitou o Brasil entre os dias 18 a 29 de agosto deste ano, destacou em seu relatório, o instrumento como uma boa prática internacional no combate à exploração laboral. Segundo o Tomoya, a Lista Suja é um exemplo de transparência e responsabilização, essencial para fortalecer ações integradas entre governo, sociedade civil e setor privado na erradicação do trabalho escravo contemporâneo.