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26 de fevereiro de 2010

Ohio é foco de tráfico de pessoas e trabalho escravo nos EUA

De acordo com relatório, cerca de 1 mil crianças e adolescentes são vítimas do tráfico de pessoas a cada ano. Estrangeiros sob risco de exploração sexual e trabalho forçado chegam a cerca de 3,5 mil pessoas apenas no estado de Ohio

Por Repórter Brasil

Sim, existe trabalho escravo na nação mais rica do mundo. E as vítimas não são apenas estrangeiros ilegais que vivem na Flórida. De acordo com relatório da Comissão de Estudos de Tráfico de Pessoas de Ohio, cerca de 1 mil crianças e adolescentes nascidos nos Estados Unidos entram no mercado da prostituição todos os anos somente no respectivo estado norte-americano.
“Ohio não é apenas o detino de estrangeiros que foram vítimas do tráfico, mas também um local de recrutamento”, diagnostica Celia Williamson, professora da Universidade de Toledo que coordenou o trabalho acerca do tema.
Divulgado no último dia 12 de fevereiro, o estudo inédito estima que cerca de 800 imigrantes são explorados sexualmente ou forçados a trabalhar em condições degradantes em locais como oficinas (muitas vezes clandestinas e improvisadas) do tipo “sweatshops”. Os universos de trabalhadores estrangeiros e de crianças sob risco do tráfico, segundo o relatório da comissão, são bem maiores: 3,5 mil e 2,9 mil, respectivamente.
O relatório adverte, porém, que é “virtualmente impossível determinar o número exato de vítimas” por conta do caráter “invisível” do crime. Richard Cordray, procurador geral de Ohio e um dos fundadores da comissão, afirma que centenas de outras pessoas que não foram detectadas pelo estudo estão vulneráveis ao trabalho forçado tanto para exploração sexual como em plantações, restaurantes e canteiros de obras.
Fazem parte da comissão representantes do FBI, dos governos estadual e local, de agências estaduais, legisladores, acadêmicos, membros da Varas de Infância e da Juventude e ex-vítimas de tráfico de pessoas de Columbus e de Toledo.
Leis estaduais frágeis, o aumento de demanda por mão de obra barata e a proximidade com a fronteira com o Canadá são, conforme as conclusões do relatório, fatores chave que contribuem para a atividade ilegal em Ohio. Não existe legislação específica e o tráfico de pessoas frequentemente aparece apenas como “agravante. Outros 42 estados dos EUA preveem severas punições. Quem for sentenciado culpado pelo mesmo crime em Delaware, Novo México e Nova Iorque pode, por exemplo, pegar até 100 anos de cadeia.
A cidade de Toledo é a quarta colocada no ranking norte-americano de prisões, investigações e resgates de vítimas de exploração sexual infantil doméstica. Apenas Miami, Portland e Las Vegas registraram mais casos.
Nos casos de prostituição infantil, as crianças são imediatamente presas e raramente os adultos envolvidos são procurados, critica Celia Williamson. Em vez das Varas de Infância, o estudo recomenda que as adolescentes sejam levadas para centros de assistência social.
Os agentes públicos foram classificados como “descuidados e despreparados” para lidar com casos de tráfico de pessoas. Além disso, os clientes flagrados nessas ocasiões “permanecem protegidos, pagam multas mínimas e raramente são processados”, completa o relatório, que será entregue à assembléia legislativa e ao governador do estado ainda este ano.
As vítimas de tráfico de pessoas em todos os Estados Unidos alcançam aproximadamente 50 mil pessoas, de acordo com cálculo feito pelo Departamento do Estado em 2001.
Confira a íntegra do relatório da Comissão de Estudos de Tráfico de Pessoas de Ohio (em Inglês)

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