Raça, gênero e classe: o perfil do trabalho infantil no Brasil
O trabalho infantil no Brasil reflete desigualdades estruturais profundas. Segundo a PNAD Contínua 2024 (IBGE), 66% das crianças e adolescentes nessa situação são pretos ou pardos, e a maioria são meninos — um cenário marcado por racismo e exclusão social. A incidência é maior entre 16 e 17 anos, muitos com jornadas equivalentes às de adultos, o que compromete a permanência na escola e perpetua ciclos de pobreza e vulnerabilidade.
Essas desigualdades se manifestam de formas distintas entre meninos e meninas. Enquanto eles estão mais visíveis em atividades agrícolas, comerciais e de serviços, elas enfrentam a invisibilidade: realizam principalmente tarefas de cuidado e trabalho doméstico que, por não serem reconhecidas como trabalho, permanecem fora das estatísticas. Essa subnotificação oculta a dimensão real do problema e dificulta o desenvolvimento de políticas públicas específicas.
Neste Mês das Crianças, reforçamos a importância de enfrentar as desigualdades de raça, gênero e classe que sustentam o trabalho infantil, garantindo que nenhuma criança precise abrir mão do seu direito ao desenvolvimento integral em troca do trabalho para sobreviver.