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15 de dezembro de 2016

Ação Integrada forma 21 egressos do trabalho análogo à escravidão

O projeto Ação Integrada formou na última sexta-feira, 9, em Cuiabá (MT), 21 trabalhadores egressos do trabalho análogo à escravidão no curso de Operador de Máquinas e Implementos Agrícolas. O curso foi realizado de setembro a dezembro na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no município de Santo Antônio do Leverger (MT). Representantes de instituições como Ministério Público do Trabalho (MPT), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da UFMG, parceiras do Ação Integrada, estiveram na formatura e reconheceram o esforço dos alunos.
“Juramos não medir esforços para vencer com dignidade e ética na nossa profissão, utilizando o nosso trabalho como ferramenta para estimular o bem na sociedade”. O trecho integrou o juramento solene realizado pelo trabalhador Devair de Aguiar, na cerimônia de entrega de certificados do curso.  O orador da turma, Cosmo da Silva, afirmou que conseguiu melhorar sua condição de vida e que agora, ao terminar o curso, pretende avançar. “Peço que meus companheiros façam da mesma forma. Nós estamos aqui, lutamos para isso, conseguimos, então vamos correr e tocar a bola para frente, não para trás”.
Na cerimônia, a trajetória dos resgatados do trabalho análogo ao de escravo foi relembrada, bem como o potencial dos trabalhadores para novas conquistas. O diretor da Faculdade de Agronomia e Zootecnia da UFMT, Emílio Carlos de Azevedo, disse que “o céu é o limite” para os formandos, expressando a sua satisfação em abrir as portas da universidade para os trabalhadores. “Vocês merecem, pois vocês são cidadãos com deveres, mas que também têm o direito a um espaço neste país para crescer e se desenvolver”.
De acordo com o procurador do Trabalho Rafael Mondego Figueiredo, que representou a coordenação do MPT-MT no Ação Integrada, o reconhecimento dos direitos é fundamental para combater o trabalho escravo. “Quando se retira o direito à dignidade, você está coisificando a pessoa”, explicou. Segundo Figueiredo, o trabalho escravo ocorre frequentemente em locais distantes e de difícil acesso, onde o trabalhador sofre com a vigilância e tem sua locomoção restringida; mas também é caracterizado pelas condições degradantes, quando não há água potável disponível ou comida devidamente acondicionada. “No Brasil o trabalho escravo não se resume única e exclusivamente à questão do cerceamento da liberdade, ele se refere à desconsideração da pessoa como pessoa, à coisificação da pessoa, à degradância”.
Ação Integrada
O objetivo do Ação Integrada é ampliar as oportunidades profissionais e possibilitar uma formação cidadã sobre os direitos assegurados por lei. Por meio de ações de prevenção e assistência aos trabalhadores, possibilita o acesso ao mundo do trabalho decente, estimula a autoestima e o desenvolvimento pessoal. O Ação Integrada é fruto de uma articulação entre o MPT/MT, a SRTE-MT e a UFMT, com apoio da OIT. Desde o seu surgimento em 2009, já beneficiou 700 participantes.
“O projeto é uma tentativa de romper um ciclo vicioso  do trabalho análogo ao escravo que infelizmente se instalou na nossa sociedade”, explica o superintendente Regional do Trabalho Substituto, Amarildo Borges de Oliveira. Ele enfatizou que a escravidão contemporânea ainda é uma realidade no Brasil, mas pontuou que há um grande empenho das instituições para combatê-la.
“A formatura é o momento em que as organizações que apoiam o Ação Integrada celebram o empoderamento dos trabalhadores na luta por uma vida digna, livre da exploração”, declarou a consultora da OIT, Simone Ponce. Ela elogiou o compromisso dos envolvidos no sucesso do Ação Integrada e enalteceu a decisão dos formandos de participar do curso e investir no seu desenvolvimento pessoal e profissional. “A trajetória é longa, mas hoje comemoramos a conclusão de uma bela etapa”.​

Fonte: Forest Comunicação
(Assessoria do Programa da OIT de Combate ao Trabalho Forçado)

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