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1 de março de 2011

C&A e fornecedoras formalizam adesão ao Pacto Nacional

Após comunicar fornecedores da decisão de assumir o compromisso, a rede varejista estendeu o convite para que os mesmos também se engajassem. Cerimônia marcou adesão de 30 parceiras comerciais da companhia

Por Bianca Pyl

Evento marcou a adesão coletiva de empresas do setor de vestuário ao Pacto Nacional (Divulgação)

São Paulo (SP) – Acompanhada de 40* de suas fornecedoras, a C&A assinou o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. A empresa multinacional, que tem sede na Holanda, oficializou sua adesão em cerimônia realizada em Alphaville, Barueri (SP), no último dia 23 de fevereiro,.
“É um passo importante na jornada em busca do trabalho decente”, declarou Norbert van der Zee, da C&A. Uma das maiores do país, a rede varejista é a primeira do setor a assumir o compromisso.
A empresa informa que, após comunicar seus principais fornecedores que decidira fazer parte do Pacto Nacional, estendeu o convite para que os mesmos também avaliassem a possibilidade de assumir o compromisso de forma voluntária. Em seguida, a rede promoveu uma reunião de esclarecimento em janeiro de 2011, na qual o Comitê de Monitoramento do Pacto Nacional detalhou pontos do documento e o significado da adesão.
A cadeia das confecções vem apresentando problemas relacionados ao emprego de mão de obra escrava e ao tráfico de pessoas, envolvendo imigrantes sul-americanos explorados via subcontratações. A Repórter Brasil acompanhou operação que flagrou 17 pessoas em condições análogas à escravidão em oficina que costurava para a Marisa, mas que também chegou a produzir peças para a C&A. A informação foi confirmada tanto pelo dono da oficina, o boliviano Valboa Febrero Gusmán, como pela rede varejista.
Para se adequar ao Pacto Nacional, a C&A estruturou um Grupo de Trabalho Interno, formado por profissionais de diferentes áreas, com vistas a promover uma cadeia de fornecimento mais justa e responsável. De acordo com a companhia, esse grupo está trabalhando em propostas para que o tema seja aprofundado na empresa e junto aos fornecedores, inclusive com a convocação de reuniões específicas sobre o tema. Em breve, todas as empresas que decidiram fazer parte do Pacto Nacional juntamente com a C&A serão apresentadas na relação de signatários.
De acordo com Nancy Donaldson, que integra a equipe da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Washington (EUA), muitas empresas, em todas as partes do mundo, não acham necessário monitorar suas cadeias produtivas quanto ao trabalho escravo. “Mas os consumidores tem poder sobre as empresas e devem pressionar por mudanças”, argumentou.
Na Califórnia, por exemplo, a lei que obriga empresas que têm negócios no estado a publicar em seus sites as políticas que vêm adotando para combater o trabalho escravo e o tráfico de seres humanos em suas cadeias produtivas entrará em vigor em janeiro de 2012 “Essas leis causam uma revolução nas indústrias, que tem que se adequar”, emendou Nancy.
“Hoje, escrevemos um novo capítulo deste Pacto. A C&A criou uma nova moda. Tomara que essa moda pegue: assinar e trazer o conjunto de fornecedores para esse processo”, definiu Paulo Itacarambi, do Instituto Ethos, que faz parte do Comitê de Coordenação e Monitoramento da iniciativa, juntamente com a OIT, a Repórter Brasil e o Instituto Observatório Social (IOS).
Além da adesão ao Pacto Nacional, a rede varejista mantém, desde 2006, um sistema próprio de auditoria na sua rede de fornecimento, por meio da Organização de Serviço para Gestão de Auditorias de Conformidade (Socam). O procedimento busca prevenir a ocorrência de qualquer tipo de trabalho irregular, por meio de  vistorias “aleatórias e não agendadas, com o objetivo de coibir qualquer tipo de mão de obra irregular e buscar a melhoria contínua das condições de trabalho”. A C&A também faz parte do Programa de Qualificação de Fornecedores para o Varejo, lançado em setembro do ano passdo pela Associação Brasileira de Varejo Têxtil (Abvtex).
*Informação atualizada na manhã desta quarta-feira (2)

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