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28 de agosto de 2009

"Emprego verde" alia trabalho digno e eficiência ambiental

Iniciativa almeja enfrentar dois dos principais desafios à humanidade neste século XXI: o fenômeno das mudanças climáticas e o déficit de postos dignos de trabalho. Na Alemanha, indústria ambiental já emprega 1,8 milhão

Por Repórter Brasil

“Os ´empregos verdes´ prometem um triplo dividendo: empresas sustentáveis; redução da pobreza e uma recuperação econômica centrada no emprego”. A declaração do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, revela o potencial triplo dos postos de trabalho que podem ser enquadrados como “empregos verdes”.
Na semana passada, a OIT lançou uma cartilha especial sobre o tema durante seminário promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento da Presidência da República, em Brasília (DF). O CDES é formado por membros do governo, trabalhadores, empresários, integrantes de entidades civis e personalidades de diversos setores.
Essa nova categoria de funções, segundo a cartilha Empregos verdes: uma economia com baixo consumo de carbono e trabalho decente em empresas sustentáveis, almeja enfrentar de frente três dos principais desafios colocados à humanidade neste início de século XXI: o avanço das mudanças climáticas, o déficit de empregos dignos e o fantasma da crise econômica.
De acordo com a OIT, os “empregos verdes” podem ser uma ajuda para “elevar” mais de 1,3 bilhão de pessoas acima da linha da pobreza e podem oferecer funções dignas para 500 milhões de jovens que ingressarão no mercado de trabalho durante os próximos 10 anos em todo o mundo.
De quebra, os “empregos verdes” têm como contribuir para que 1,6 bilhão tenha acesso a formas modernas de energia elétrica, bem como estruturar moradias dignas e um sistema de saneamento para mais de um bilhão de habitantes dos bairros pobres nas megacidades globais.
Conceito
Para a OIT, o conceito de “empregos verdes” resume a transformação das economias, das empresas, dos ambientes de trabalho e dos mercados laborais em direção a uma economia sustentável que proporcione trabalho decente com baixo consumo de carbono. Este tipo de trabalho reduz o nível de impacto das empresas no meio ambiente e dos setores econômicos.
Além disso, contribuem para diminuir a necessidade de energia e matérias-primas e para evitar as emissões de gases de efeito estufa. Reduzem ainda os resíduos e a contaminação, bem como restabelecem os serviços do ecossistema como a água pura e a proteção da biodiversidade. Os “empregos verdes”, frisa a entidade, podem ser criados em todos os setores e empresas, bem como em áreas urbanas bem como em zonas rurais (e incluem ocupações desde o trabalho manual até o altamente qualificado).
“Os investimentos e programas que promovem ´empregos verdes´ devem estar orientados para os grupos que mais os necessitam: os jovens, as mulheres e os pobres”, completa a cartilha. “Para que os ´empregos verdes´ cumpram este papel chave em um desenvolvimento sem exclusões sociais, devem ser empregos decentes que proporcionem rendimentos adequados, proteção social e respeito aos direitos dos trabalhadores e que permitam a estes trabalhadores expressar sua opinião nas decisões que afetarão suas vidas”.
Apresentação
Durante a reunião do CDES, Peter Poschen, especialista da OIT sobre “empregos verdes”, apresentou uma palestra em que mostrou quem apenas na área de energias renováveis, existem atualmente 2,3 milhões de empregos. De acordo com a OIT, este número pode saltar para 20 milhões até 2030.
Apenas na Alemanha, a indústria ambiental já gera 1,8 milhão de empregos. Entre os setores promissores, Peter destacou os ramos da eficiência energética (em edifícios, indústrias etc.), mobilidade (transporte público), reciclagem (tratamento do lixo), agricultura (florestal) e serviços ambientais.
Apenas no setor de construção civil, nas contas do especialista, a redução de consumo de energia pode reduzir até em 29% a custo zero até 2030. Na Alemanha, um programa iniciado em 2001 já resultou na construção de cerca de 300 mil apartamentos por ano e na redução de 2 mil toneladas de gás carbônico anuais. Foram criados 200 mil empregos diretos. Cada € 1 público destinado ao programa atraiu outros € 4 a € 5 de investimentos privados.
Peter salientou, porém, que trabalhos que não são decentes não podem, em hipótese alguma, ser considerados como “empregos verdes”.
Origem
O trabalho da OIT sobre “empregos verdes” surgiu a partir da Iniciativa Empregos Verdes, estabelecida em 2007 em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Confederação Sindical Internacional (CSI). A Organização Internacional de Empregadores (OIE), que reúne o patronato, se uniu à Iniciativa Empregos Verdes em 2008.

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