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19 de março de 2010

Migrantes terceirizados penam em frigoríficos da Grã-Bretanha

Pesquisa da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos reúne casos relatados por trabalhadores de agressões e de condições e ambientes inadequados no setor. Subcontratados, migrantes e gestantes são maiores vítimas

Por Repórter Brasil

Pesquisa feita pela Comissão de Igualdade e Direitos Humanos britânica apresenta um quadro de maus tratos e exploração de migrantes e terceirizados que trabalham em frigoríficos na Grã-Bretanha.
Trabalhadores que foram entrevistados por representantes da comissão relatam ter sido vítimas de agressões, falta de proteção de saúde e segurança adequada, especialmente com relação a gestantes. Muitos têm conhecimento escaço de seus direitos e temem que a reivindicação por melhorias possa acarretar em demissões. Um terço do quadro permanente e mais de dois terços dos subcontratados do setor são migrantes.
“Ouvimos histórias de trabalhadores que foram vítimas de perseguição, de atos de violência e de humilhações provocadas, por exemplo, pela proibição de pausas para ir ao banheiro durante o trabalho”, coloca Neil Kinghan, director-geral da comissão. Um quinto dos trabalhadores entrevistados relataram que já sofreram empurrões, chutes ou foram atingidos por objetos arremessados em plena linha de produção dos frigoríficos. Mais de um terço dos trabalhadores foi vítima ou testemunhou agressões verbais, muitas delas frequentes.
De acordo com o estudo, operários de origem britânica também são submetidos a condições adversas, mas os migrantes e subcontratados – com larga predominância de trabalhadores da Polônia, seguidos por lituanos, letões, tchecos, eslovacos e portugueses – são mais afetados. Mais de oito a cada dez trabalhadores consultados (ao todo foram 260) disseram que subcontratados recebem tratamento pior que os diretamente contratados. Cerca de 70% declararam que foram maltratados em fábricas ou nas empreiteiras de mão de obra por causa de sua raça ou nacionalidade.
Foram registrados diversos e frequentes descumprimentos de normas legais nos frigoríficos e nas agências contratadoras que fornecem mão de obra terceirizada para as plantas dos mesmos. Alguns desses frigoríficos abastecem as maiores redes de supermercado do Reino Unido. Algumas situações verificadas violam padrões fundamentais de ética e de direitos humanos.
O levantamento, que teve início em outubro de 2008, apresenta também outros exemplos de boas práticas de empresas em que prevalece o tratamento permanente de respeito perante contratados e subcontratados. A Comissão de Igualdade e Direitos Humanos é um órgão independente criado pelo governo britânico após a promulgação do Ato de Igualdade em 2006.
Recomendações
A comissão fez recomendações para que os supermercados aumentem auditorias com relação aos seus fornecedores. Aos frigoríficos e subcontratadas, indicou melhoria das formas de recrutamento, do ambiente de trabalho e da capacitação dos trabalhadores.
Para as autoridades governamentais, a pesquisa sugere investimentos nas agências responsáveis por regular o mercado para salvaguardar o bem estar e os interesses dos trabalhadores. Uma nova pesquisa será feita após 12 meses para aferir quais medidas foram adotadas.
Leia a íntegra da pesquisa da comissão britânica (em Inglês)

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