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9 de setembro de 2014

ONG mostra situação de trabalhadores escravizados no Líbano

Uma animação produzida pela ONG Anti-Slavery International mostra a trajetória de trabalhadores domésticos aliciados no Nepal e em Bangladesh e escravizados no Líbano. Uma história que se repete pelo mundo: trabalhadores com pouca renda e que sonham em mudar de vida, recrutadores que se aproveitam desta situação para convencê-los a deixar os seus países de origem, promessas não cumpridas de remuneração e jornada de trabalho e por fim, passaportes retidos pelos empregadores, impedindo que esses trabalhadores consigam se libertar desta situação e retornar para suas casas.
O vídeo apresenta dados de uma pesquisa intitulada “Into the Unknown” (Dentro do Desconhecido), publicada em maio deste ano pela ONG, que traz informações sobre a exploração destes trabalhadores.  (Clique aqui para acessar a pesquisa, em inglês). A animação e a pesquisa da Anti-Slavery International fazem parte de um projeto que visa a promoção e a proteção dos direitos dos trabalhadores migrantes. O foco do projeto são os trabalhadores domésticos, principalmente desta rota Nepal – Líbano.
Assista ao vídeo em inglês; as informações contidas no material estão abaixo:

De acordo com a pesquisa, o padrão que se repete no recrutamento destes trabalhadores é: uma oferta de emprego no Líbano, com jornadas de trabalho de oito horas por dia, um dia de folga por semana, e alojamento e alimentação por conta do empregador. Deste modo, todo o salário poderia ser revertido para a família do trabalhador e as suas necessidades de saúde, moradia e educação. As únicas contrapartidas seriam os gastos com a passagem, o visto e o “serviço” de recrutamento. Para cobrir estes custos, segundo a pesquisa, 69% dos trabalhadores entrevistados contam ter pedido dinheiro emprestado ou vendido suas propriedades.
Outros dados mostram a realidade da situação encontrada por essas pessoas:

  • 96% dos trabalhadores domésticos relataram que seus passaportes foram confiscados pelo seu empregador;
  • 62% dos trabalhadores domésticos disse que eles não têm um quarto privado como o prometido;
  • Mais da metade dos trabalhadores disseram que foi enganada sobre seus salários;
  • 64% das mulheres trabalharam mais de 15 horas por dia;
  • 91% dos trabalhadores não tiveram um dia de descanso semanal;
  • 50% relataram que foram trancados dentro da casa;
  • 62% dos trabalhadores relataram sofrer violência verbal;
  • 42% foram ameaçados;
  • 36% relataram abuso físico;
  • 8% relataram abuso sexual.

A Anti-Slavery International chama a atenção para a necessidade de uma maior fiscalização sobre os processos de recrutamento de trabalhadores domésticos e das próprias taxas de recrutamento impostas a ambas as partes. Além disso, mostra que um dos grandes problemas é a dificuldade que os trabalhadores domésticos migrantes têm de encerrar uma relação de trabalho de exploração por conta das barreiras impostas pelo idioma e pelo isolamento a que são submetidas, o que impossibilita pedidos de ajuda.
Migração e trabalho escravo
Segundo o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre trabalho escravo, publicado em maio deste ano, a migração é um importante fator de risco para trabalhadores. De acordo com as estimativas mundiais da OIT, 44 % das vítimas haviam migrado, dentro ou para além de fronteiras internacionais, antes de se envolverem em trabalho forçado. A região do Pacífico Asiático responde pelo maior número de trabalhadores forçados – 12 milhões ou 56% do total mundial – enquanto países do Centro, Sudeste e do Leste Europeu (não UE) e a Comunidade dos Estados Independentes têm os mais altos índices de prevalência com 4,2 vítimas por 1000 habitantes.
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