País sabe que escraviza, mas não a gravidade do problema, diz pesquisa
Apesar de saber que o trabalho escravo ainda existe no país, muitos brasileiros ainda desconhecem as características deste crime. Foi o que mostrou uma pesquisa realizada pela Ipsos, empresa de pesquisa e inteligência de mercado, para a Repórter Brasil, com o objetivo ajudar a entender como a população brasileira vê a questão da escravidão contemporânea.
A pesquisa, divulgada no último dia 28 no Blog do Sakamoto, foi baseada em 1200 entrevistas pessoais e domiciliares em 72 municípios brasileiros. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Sobre a existência do trabalho escravo no Brasil, 70% dos entrevistados responderam que ainda existe, 17% disseram que não, 12% não sabiam e 1% não respondeu. Segundo a pesquisa, as pessoas mais velhas, pessoas com pouco estudo e trabalhadores com menor renda são os que mais desconhecem o problema.
Embora a maior parte dos entrevistados tenha afirmado que este crime ainda existe, 27% não sabia responder o que é trabalho escravo contemporâneo. A pesquisa coletou respostas espontâneas para esta pergunta (sem opções para escolha) e agrupou o resultado para ser analisado. Veja no gráfico abaixo:
Em sua opinião, o que seria trabalho escravo nos dias de hoje?
Também foram apresentadas aos entrevistados situações que configuram o trabalho escravo de acordo com a legislação brasileira e situações que fazem parte do imaginário popular sobre o tema para que ele pudesse escolher quanto, em porcentagem, ele concorda com cada uma delas. O resultado está no gráfico a seguir:
Segundo Sakamoto, “as quatro opções mais escolhidas foram exatamente aquelas que representam os elementos que caracterizam o trabalho escravo, mostrando que, na resposta estimulada, os entrevistados sabem identificar a gravidade desse crime”.
“Trabalho forçado aparece com 76%, seguido de servidão por dívida (74%), condições degradantes (72%) e jornada exaustiva (69%). Ao mesmo tempo, o pagamento de altos impostos para o governo aparece com 58% ou trabalhar sem carteira assinada com 57%, indicando que há um trabalho importante a ser realizado para aumentar o entendimento a respeito da gravidade do que seja escravidão contemporânea”.
*As informações são do Blog do Sakamoto. Leia a matéria completa no site do autor.
Foto: João Roberto Ripper/ Carvoaria em Minas Gerais