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28 de novembro de 2024

Por que o Sul Global trabalha tanto?

O debate sobre o fim da escala 6×1, impulsionado pela PEC proposta pela deputada Erika Hilton, representa uma virada na luta por direitos trabalhistas no Brasil. É uma pauta que traz à tona a necessidade de melhores condições de trabalho e de mais qualidade de vida para os trabalhadores brasileiros. Segundo Renan Kalil, procurador do Ministério Público do Trabalho, em entrevista ao Intercept, essa é a primeira grande iniciativa pró-trabalhador em uma década, após anos de retrocessos legislativos que fragilizaram os direitos conquistados.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil é um dos países do G20 com maior carga horária semanal. Em contraste, países como o Canadá e a Alemanha possuem jornadas médias de 32,1 e 34,2 horas semanais, respectivamente. A Holanda, referência em equilíbrio entre vida profissional e pessoal, tem uma média de 31,6 horas, com jornadas flexíveis que muitas vezes variam de 12 a 36 horas semanais. Além disso, a remuneração por hora é significativamente superior, demonstrando que jornadas menores não comprometem a produtividade nem a qualidade de vida.

Esse contraste escancara as desigualdades globais, onde países do Sul Global, como o Brasil assumem posições menos valorizadas na divisão internacional do trabalho  para atender às demandas produtivas de nações do Norte, que desfrutam de melhores condições trabalhistas.

Kalil explica que a legislação trabalhista, apesar de criticada por sua suposta rigidez, é essencial para proteger os direitos dos trabalhadores e garantir tempo para outras atividades, como estudo, lazer ou convívio familiar. Contudo, flexibilizações recentes, como as reformas trabalhista e da terceirização, intensificaram a precarização, evidenciando a urgência de mudanças estruturais. De acordo com Renan Kalil, a PEC do fim da escala 6×1 é um marco inicial, mas não resolve o problema de forma isolada. Será necessário revisar pontos da CLT para garantir que a redução da jornada não venha acompanhada de perdas salariais ou intensificação do trabalho.

A mobilização recente por redução de jornada não surge por acaso, ela reflete uma demanda histórica e real dos trabalhadores, que remonta ao surgimento do próprio direito do trabalho no século XIX, reafirmando sua relevância na construção de uma sociedade mais justa.

Essa pauta é um chamado à ação para reequilibrar as relações de trabalho no Brasil, proporcionando mais qualidade de vida e igualdade aos trabalhadores.

 

https://www.intercept.com.br/2024/11/21/entrevista-luta-contra-escala-6×1-e-reacao-a-10-anos-de-ataques-aos-direitos-trabalhistas/

https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-18/noticia/2024/11/11/brasil-e-um-dos-paises-do-g20-em-que-mais-se-trabalha-veja-a-carga-horaria-pelo-mundo.ghtml

 

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