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6 de janeiro de 2015

Traficantes abandonam navios com imigrantes

Dois navios com imigrantes ilegais foram abandonados à deriva e sem tripulação, nos últimos dias, a caminho da costa italiana, no Mediterrâneo. Juntas, as embarcações tinham cerca de 1400 pessoas que foram regatadas após pedidos de socorro enviados por imigrantes, segundo informações da BBC.
O abandono está sendo apontado como uma nova prática dos traficantes. A tripulação, a uma dada altura da viagem, desliga o Sistema de Identificação Automático para conseguir fugir sem que a sua localização seja identificada por radares. Os criminosos também estão trocando as pequenas embarcações por grandes navios que sugerem uma maior segurança para o transporte das vítimas, que geralmente estão tentando escapar de situações de conflito ou pobreza e veem na Europa uma oportunidade de recomeçar e acabam pagando altos valores para a travessia.
A Itália anunciou, em outubro de 2014, o fim da Operação Mare Nostrum, criada um ano antes para tentar evitar tragédias como a morte de 400 imigrantes africanos, sírios e palestinos que naufragaram ao tentar chegar às ilhas de Lampedusa e Malta. No período que permaneceu ativa, a operação possibilitou o resgate de 150 mil imigrantes, mas custou 114 milhões aos cofres do governo italiano, que considera que outros países da União Europeia também devem se envolver no monitoramento das fronteiras e no combate ao tráfico de pessoas. A Operação Mare Nostrum foi substituída por uma iniciativa da União Europeia, através da Agência de Fronteiras Frontex, que por enquanto apresenta menos recursos e uma área limitada de atuação.
Na última sexta-feira (2), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) ressaltou a necessidade de uma ação urgente das nações europeias para proteger os migrantes em alto-mar, tendo em vista a série de incidentes recentes envolvendo centenas de pessoas no Mediterrâneo, durante a tentativa de chegar ao continente, conforme divulgou o Centro de Notícias das Nações Unidas. O ACNUR também pediu que a Europa não ignore o uso de grandes navios para migrantes e manifestou preocupação com o fim da Operação Mare Nostrum, considerando que a União Europeia não tem nada similar em termos busca e resgate, mas reconheceu e agradeceu às autoridades italianas “a resposta dada aos últimos incidentes”.
Segundo informações da ONU, o tráfico de migrantes movimenta mais de 7 bilhões de dólares por ano apenas nas suas duas principais rotas, para a Europa e América do Norte. De acordo com relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde 2000, mais de 40 mil imigrantes já morreram em tentativas de travessias. Apenas nos primeiros nove meses de 2014, foram mais de quatro mil mortes, 75% delas na tentativa de chegar à Europa, destino apontado pela organização como o mais perigoso do mundo para imigrantes nestas condições.
De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a migração é um importante fator de risco para o trabalho escravo. Uma pesquisa mostrou que 44% das vítimas de trabalho escravo haviam migrado, dentro ou para além das fronteiras internacionais, antes de se envolverem em trabalho forçado.

*Com informações de ONU, OIT, ACNUR e BBC.

Imagem: Roma- Itália, “Operação Mare Nostrum”  da Marinha italiana resgata imigrantes no Mediterrâneo  e suspeitos de tráfico de pessoas.Uma equipe de fuzileiros da Brigada Marina San Marco assumiram o controle do navio apreendido enquanto imigrantes  eram resgatados. (Crédito: Marina Militare/Fotos Públicas – 02/10/2014)

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