Grupo móvel liberta 16 pessoas de plantação de eucalipto
Os alojamentos dos trabalhadores que extraíam madeira da Fazenda Santa Rita da Estalagem eram barracos de lona, no meio do mato. A água para consumo, banho e preparo de alimentos não era tratada e vinha de córrego
Por Bianca Pyl
Operação do grupo móvel de fiscalização do governo federal resgatou 16 vítimas de trabalho análogo à escravidão em Vianópolis (GO), município que fica a cerca de 100 km da capital Goiânia (GO). O grupo estava sendo submetido a condições degradantes há cerca de um mês. Motivada por uma denúncia, a inspeção se estendeu entre os dias 15 e 17 de setembro.
A situação foi encontrada no corte de eucaliptos da Fazenda Santa Rita da Estalagem, que pertence a Welson Albuquerque. O proprietário da área “vendeu a floresta em pé” para que a Goiás Flora Comércio de Madeira Ltda. fizesse a extração da madeira e a “limpeza” do terreno. Para realizar o serviço, a empresa subcontratou, por sua vez, o “gato” (intermediário) Antônio Dias de Souza para arregimentar e manter os trabalhadores – que estavam morando em Luziânia (GO) e Anápolis (GO), mas vieram do Maranhão.
Os alojamentos eram barracos de lona no meio do mato. As vítimas dormiam em colchões finos, comprados por eles mesmos. A água para consumo, banho e preparo dos alimentos não era tratada e vinha de um córrego. A alimentação era adquirida e preparada pelos próprios empregados.
O corte de eucaliptos era realizado com motosserras dos empregados, sem que houvesse treinamento específico e equipamentos de proteção individual (EPIs). Eles eram responsáveis também por carregar o caminhão para a entrega da madeira extraída da Fazenda Santa Rita da Estalagem, disse Camila Bemergui, auditora fiscal do trabalho que coordenou a operação.
Foram lavrados 15 autos de infração. Os trabalhadores foram retirados do local e receberam as verbas rescisórias, que totalizaram R$ 30 mil.
A Repórtrer Brasil tentou contato com o dono da propriedade, Welson de Albuquerque, mas não conseguiu encontrá-lo.