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27 de junho de 2014

No país da Copa, jovens jogadores têm trabalho degradante

O Brasil chega ao auge no futebol exibindo os novos estádios como palco das memoráveis partidas desta Copa do Mundo. É a “Copa das Copas”, das estrelas, das belas disputas e das grandes surpresas que está fazendo história. Por outro lado, neste momento em que o país é sede do Mundial, a dura realidade dos jogadores de futebol em formação passa despercebida. Uma série de inspeções realizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em grandes clubes brasileiros, entre eles Flamengo, Corinthians e Atlético Paranaense, encontrou jovens jogadores em um cenário de irregularidades trabalhistas, más condições de estrutura e desrespeito aos direitos do adolescente.
Foram realizadas 29 inspeções em 22 clubes do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Roraima, Mato Grosso e Minas Gerais. Entre os principais problemas estão as irregularidades nos contratos, ou falta de uma formalização trabalhista e alojamentos insalubres, com vestuários e instalações sanitárias precárias.
O Banco Mundial publicou recentemente que no Brasil o esporte “é tão desigual quanto a sociedade”. A seleção brasileira tem o maior valor de mercado de todas que disputam a Copa (1,6 bilhão de reais ou 703 milhões de dólares, segundo dados da consultoria Pluri). De um lado estão mitos como Neymar Jr. e Daniel Alves e a suas histórias de sucesso, do outro estão os baixos salários que os que conseguem iniciar um processo de profissionalização encontram.
Dos 20 mil atletas profissionais, cerca de 16 mil recebem menos de 2 salários mínimos e ficam desempregados por pelo menos 6 meses no ano. As informações são do Bom Senso Futebol Clube, entidade criada por jogadores para dar mais transparência ao esporte e melhorar as próprias condições de trabalho.
A falta de seguro desemprego para os períodos sem campeonato e o consequente desamparo no final de cada torneio é um dos grandes problemas enfrentados por estes profissionais. A maioria dos clubes do país joga em média apenas 17 partidas por ano.  Cerca de 16 mil atletas ficam desempregados ao final dos estaduais por falta de um calendário mais democrático e inclusivo. Além disso, muitos jovens acabam deixando os estudos de lado para se dedicar exclusivamente ao futebol e quando não conseguem se veem em condições ainda mais difíceis para ingressar no mercado de trabalho.
*Com informações do Banco Mundial e do JusBrasil.
Imagem: Ana Angélica Espinheira D’Aguiar, em CC (26/08/2007)

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