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21 de dezembro de 2023

Encontro histórico marca os 10 anos do InPACTO

O Inpacto, organização que tem a missão de erradicar o trabalho escravo, infantil e promover o trabalho digno nas cadeias produtivas que atuam no Brasil, no ano em que completa uma década, participou da Conferência Ethos, em uma mesa histórica, na qual estava o grupo de fundadores do instituto para dialogar sobre as motivações à época de sua criação, fazer um balanço desse período e apontar avanços e desafios nessas agendas que ainda persistem no Brasil. 

Caio Magri, presidente do Instituto Ethos, fundador e conselheiro do InPACTO, mediou o debate entre Luiz Machado, coordenador de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lucilene Binsfeld, presidente do Instituto Observatório Social (IOS) e presidente do conselho do InPACTO, Leonardo Sakamoto, jornalista e fundador do Repórter Brasil, que também participou de todo o histórico, desde a criação do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, em 2005, e Marina Ferro, diretora-executiva do InPACTO.   

Para Marina, o InPACTO é o exemplo da importância de uma ação coletiva para a erradicação do trabalho escravo e infantil no Brasil. “O Pacto de 2005 foi o primeiro grande compromisso empresarial e é a ação coletiva mais longeva para essa agenda no país”, disse a diretora-executiva que acompanha os passos do pacto desde o seu lançamento. Quando o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo foi assinado, há 18 anos, mais de 400 empresas, representando cerca de 30% do PIB nacional, foram signatárias dos seus dez compromissos. O documento inovou ao engajar e orientar a atuação das empresas nessas agendas. Até hoje, falar de trabalho escravo gera muitas dúvidas e controvérsias e é preciso sensibilizar e informar constantemente as pessoas sobre o tema.  

“Esse trabalho nasce da explosão de informações sobre o tema, que surgem entre 2003 e 2004. Há uma grande investigação que ocorre em 2003 e vem à tona como o trabalho escravo atingia as cadeias produtivas no Brasil”, disse Sakamoto. O fundador do Repórter Brasil ainda lembrou que o trabalho de Magri, junto o Oded Grajew, foi fundamental ao mostrar como o trabalho escravo e infantil nas carvoarias estava ligado à produção de veículos nos elos de suas cadeias produtivas. Na época, foram rastreadas diversas cadeias como algodão, soja, pimenta do reino e outras. Segundo Machado, o Pacto surgiu como uma grande oportunidade para a sociedade e reforçou o papel fundamental dos órgãos de fiscalização, assim como o surgimento e a utilização da Lista Suja. “Esse trabalho era único no mundo, não existia nada parecido e a ideia era termos um Pacto internacional”, afirmou.  

Para Tudi, do IOS e presidente do conselho do InPACTO, o contexto que antecedeu aquele momento foi a base para as organizações da sociedade civil fundadoras se unirem e criarem o InPACTO, em 2013. “O IOS, que nasce em 1997, mapeava as condições de trabalho em diferentes cadeias produtivas e ia a campo para verificar no local a realidade, o que é fundamental”, afirmou. 

Com a perspectiva de crescimento econômico para o Brasil em 2024, Sakamoto alertou que, historicamente, em momentos como esse, verifica-se o aumento da procura por mão-de-obra intensiva, que leva ao aumento de casos de trabalho escravo. Tudi, acrescentou que mesmo em períodos de crescimento econômico, se não houver distribuição de renda entre as pessoas, elas sempre estarão sujeitas ao trabalho escravo e infantil. “O Brasil e as empresas precisam fazer escolhas e elas devem ser pela responsabilidade social e condições dignas de trabalho”, disse a presidente do conselho do InPACTO. 

O debate aconteceu na Conferência Ethos de comemoração de 25 anos do instituto, que ocorreu em São Paulo, nos dias 21 e 22 de novembro. 

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