InPACTO reúne organizações para ampliação da rede de trabalho decente
O InPACTO reuniu, na manhã da última quarta-feira (4), representantes de Fundações, Institutos e Organizações Não Governamentais para dialogar sobre como a promoção do trabalho decente e o investimento social podem estimular as relações dignas do trabalho e o combate às violações de direitos humanos.
O seminário foi recebido como uma oportunidade para que diversos atores que enfrentam desafios semelhantes pudessem trocar experiências e discutir formas de atuação na busca de soluções.
Mércia Silva, diretora executiva do InPACTO, abriu o seminário destacando que o papel do instituto é articular pessoas, atores e saberes. “Exatamente por atuar em várias frentes, é possível perceber grandes iniciativas que só precisam estar mais próximas para impulsionarem melhores resultados”, destacou.
Para ela, o encontro foi um ponto de partida para que as organizações comecem a trocar conhecimento e trabalhar em rede. “O convite de hoje não é para encerrar aqui. Vocês topam o desafio?”, provocou.
Geração de Informação, investigação e estudos sobre direitos humanos
O primeiro painel trouxe a experiência de organizações no que diz respeito a produção de conteúdo. Ana Cristina Nobre da Silva, do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), explicou que a certificação, apesar do foco ambiental, também aborda trabalho decente. Entre os problemas que o instituto se propõe a ajudar a solucionar está a destruição das florestas, o uso desordenado do solo, a situação de trabalho degradante no campo e o aumento nas emissões de gases de efeito estufa.
Gustavo Ferroni, da Oxfam Brasil, contou sobre a Campanha ‘Por Trás das Marcas’ e comentou sobre a dificuldade de encontrar informações disponíveis sobre direitos humanos no Brasil. Segundo ele, é necessário que a informação seja global, ao invés de regional.
Julia Neiva, da Business & Human Rights (Centro de Informação de Empresas e Direitos Humanos) apresentou a forma de atuação com relação às denúncias de violações de direitos humanos. As denúncias recebidas são publicadas assim como a respectiva resposta da empresa. Existe um trabalho de cobrança de esclarecimento do caso, mas as respostas são publicadas integralmente, e o espaço está aberto para os dois lados.
Marques Casara, da Papel Social, compartilhou a sua experiência com estudos de cadeia em vários setores, desde 2006, e ressaltou que todas as vitórias alcançadas, em direitos humanos, se deram por meio de uma construção argumentativa sólida e baseada em dados consistentes.
Investimento que combate a vulnerabilidade
No segundo painel, Cristina Filizzola apresentou a proposta de trabalhar em rede da Aliança Empreendedora, que atua com vários atores e ONGs para gerar impacto e inclusão econômica através de projetos de inclusão empreendedora, consultoria e execução de negócios inclusivos e produção de conteúdo e disseminação da causa. A organização oferece informações, cursos de formações e treinamentos oferecidos para outras instituições.
Maria Amália Souza, do Fundo Socioambiental Casa, comentou a importância da questão socioambiental e explicou que o fundo apoia pequenas organizações e tem como objetivo levar o recurso as populações mais excluídas no Brasil e na América Sul.
Luciana Almeida, contou que o Instituto C&A faz agora parte da C&A Foundation e com isso toda a sua atuação acaba sendo global e mais eficiente. O objetivo é transformar a indústria da moda, dando luz aos problemas e buscando soluções.
Patrícia Costa, do Instituto Ação Integrada, falou sobre o objetivo de romper com o ciclo do trabalho escravo e como as ações que inicialmente eram focadas nos egressos estão sendo ampliadas para a inclusão de pessoas que são consideradas vulneráveis ao trabalho escravo. São pessoas que não foram resgatadas, mas fizeram ou fazem parte do ciclo do trabalho escravo.
Por fim, Taciana Gouveia, do Fundo Brasil de Direitos Humanos, explicou que o fundo também apoia pequenos projetos e pequenas organizações e tem a intenção de chegar onde os grandes financiadores não chegam. Por isso, permite que organizações não institucionalizadas, como coletivos, possam receber apoio para ações direcionadas para os grupos mais vulneráveis como negros, mulheres ou comunidades de baixa renda.
O evento foi realizado com a parceria do CERS, do Instituto C&A e Instituto Filantropia.